Especialistas afirmam que hábito pode despertar a condição genética do bipolar e faz com que transtorno se manifeste precocemente
A bipolaridade é um transtorno do humor genético que consiste em alterações entre períodos de extrema euforia e outros de depressão profunda. O uso de drogas psicotrópicas pode antecipar a manifestação do problema e também tem o poder de intensificar seus sintomas.
“As drogas, tomando como exemplo a maconha, podem ‘acordar’ a genética e fazer com que a pessoa com pré-disposição genética manifeste a bipolaridade muitos anos antes, em média 10 anos antes do que isso aconteceria”, alerta Teng Chei Tung, psiquiatra do Centro de Psiquiatria da USP.
A bipolaridade por muitas vezes pode iniciar-se na adolescência por reflexo desse uso ou abuso de drogas. Mais do que na vida adulta, o diagnóstico na infância e adolescência é demorado. Em todas as fases, porém, o transtorno pode ser confundido com uma depressão comum ou até mesmo com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
A condição é hereditária. “Ninguém vira bipolar sem pré-disposição genética”, afirma Antônio Geraldo, presidente da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, explicando que o transtorno pode se manifestar em todas as fases da vida, inclusive na infância.
Estima-se que cerca de 60% das pessoas em tratamento para depressão podem ser bipolares. “O diagnóstico é difícil. Requer tempo do psiquiatra com o paciente, para examinar seu passado, para entender se períodos eufóricos e tristes aconteceram. O problema é que a maioria dos atendimentos médicos hoje são de apenas poucos minutos, insuficiente para o diagnóstico”, explica Ângela Scippa, ressaltando que antidepressivos comuns não são indicados para o transtorno.
“É preciso desconfiar quando o paciente tem uma depressão que não responde a medicamentos. Esses pacientes podem ter o transtorno bipolar, e só melhorarão com remédios corretos para este fim”, explica a psiquiatra.
Fonte: IG Saúde