Um dia após a operação que acabou em violência na cracolândia, a PM se limitou a fazer patrulhamento esporádico na região nesta quinta (30).
Os PMs que participaram da ação no dia anterior “sumiram”. O policiamento ficou sob responsabilidade da GCM (Guarda Civil Metropolitana), que ocupou a cracolândia para evitar que os viciados montassem barracas.
A rua Dino Bueno e as alamedas Barão de Piracicaba e Cleveland foram cercadas pelos agentes, que impediram também a entrada de carrinhos de supermercado e carroças.
O carro da PM mais próximo estava fora da área isolada pela GCM.
O comandante-geral da GCM, Gilson Menezes, disse que os usuários podem ocupar a via, mas a prefeitura não permitirá que construam barracas.
A Secretaria da Segurança Pública diz que a região é uma das mais policiadas do Estado e que prendeu 20 traficantes ali no primeiro trimestre. “Não houve redução de policiamento. O efetivo empregado é o adequado”, afirmou.
SAÚDE
Psiquiatras que trabalham com dependência química criticaram a falta de ação integrada entre prefeitura e governo estadual na cracolândia.
“Uma única ação não vai resolver. O programa municipal trata da reinserção social e devagarinho encaminha o usuário para o tratamento. O estadual oferece apenas tratamento. Sozinhos e sem controle do tráfico, não bastam”, diz Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.
Ronaldo Laranjeira, da Unifesp, faz crítica semelhante: “Nunca houve integração entre governo estadual e prefeitura para oferecer uma combinação de medidas duradouras.”
Segundo o psiquiatra, nada é feito contra o que ele chama de “mercado aberto de drogas”. Oferecer hotel e dinheiro, diz, só aumenta o tráfico.
Segundo Dartiu Xavier, também da Unifesp, a prefeitura acertou em implantar um modelo de redução de danos testado em outros países. “A ação é uma resposta ao fracasso das ações anteriores, baseadas em internação compulsória e repressão.”
Fonte: Folha de S. Paulo