Fale Conosco:

O boletim chegou. E agora? Saiba como lidar com frustrações e identificar problemas

Ana Paula Blower Para Jornal Extra
Compartilhe

Ana Paula Blower
Para Jornal Extra

É chegada a hora de receber os boletins escolares. E esse, nem sempre, é um momento tranquilo em casa. Quando as notas surpreendem negativamente os pais, pode estar faltando acompanhamento e planejamento, alertam especialistas. Para correr atrás do prejuízo, reorganização é a palavra. Mas o ideal mesmo é prevenir que esses sustos voltem a acontecer.

— O grande erro é estudar só para tirar notas altas e na véspera da prova. Este estudo é guardado numa memória de curtíssimo prazo. Mal coloca o ponto final na prova, o conhecimento some. O problema não é de recuperação, mas de mudança de atitude — diz Juarez Lopes, especialista em leitura dinâmica e otimização do estudo responsável.

Se nos últimos meses esse trabalho não foi feito e a média está mais vermelha que azul, é preciso um diálogo franco com a criança ou o adolescente para identificar as causas.

— Nem sempre a queda de rendimento está associada a preguiça. Pode ser uma dificuldade específica. Antes de julgar, os pais devem oferecer ajuda e procurar a escola. Um trabalho multidisciplinar fará com que a criança ganhe ferramentas para enfrentar possíveis medos e criar maturidade emocional — aconselha a psicóloga e diretora do Núcleo Integrado Village, Ana Café.

Para ajudar no processo de aprendizagem, é necessário que a atuação pedagógica e a dos pais se complementem.

— É função da família acompanhar o dia a dia e se comprometer. Exigir do filho pequenas responsabilidades e acompanhar os sinais: se está desanimado, se não estuda, as anotações na agenda — ressalta a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano.

Na casa de Isabella Verneck, de 10 anos e no 5º ano do ensino fundamental, o acompanhamento dos pais de sua rotina escolar faz toda a diferença. O boletim não deixa mentir: a nota mais baixa dela foi 9,6.

— Faço resumos que ajudam na revisão. Vale muito a pena — diz a menina.

Mudanças com a idade

Especialistas ressaltam que a formação da criança e do adolescente não envolve apenas conteúdo. É um somatório de fatores psicológicos, pedagógicos e sociais. Por isso, se, mesmo cumprindo as responsabilidades, o aluno não tiver bom resultado, pode ser preciso avaliar a trajetória dele e buscar ajuda profissional.

A neuropsicopedagoga Viviani lembra ainda que há diferença na forma de lidar com a aprendizagem na infância e na adolescência. Crianças são mais disponíveis para a dinâmica da escola. A adolescência é a fase de buscar a identidade, e tudo parece mais interessante que o estudo. A cabeça está no namoro, nos amigos, na internet…

— Nessa fase, tem que trabalhar a negociação, compensação. Tira o celular, mas ganha, dias depois, se a lição for boa. Não podem ser castigos muito longos para não perder o sentido.

‘Estimulamos que ela desenvolva autonomia’, diz pai

Leonardo Verneck, pai da Isabella, criou um plano diário de estudos:

— É algo que compartilhamos desde quando a Isabella iniciou vida escolar. Procuramos ter uma rotina de estudo com horários fixos. Somos metódicos com planejamento. De segunda a sexta, dedicação aos estudos. Final de semana é livre. Estimulamos que ela desenvolva autonomia, tenha controle de suas responsabilidades. A nota é consequência — conta.

 

Medidas pontuais

Cobrança saudável

Se houver falta de dedicação, cobre resultados e determine tempo de estudo. Sinalize ainda o que a criança pode perder, como horas no play. Trabalhe a negociação.

Responsabilidade

Uma posição rígida será para que a criança perceba que o comprometimento dela com o resultado é importante. Indique que ela é capaz e que não tem bom resultado porque não cumpre com o que é recomendando.

Rotina

O cérebro gosta de rotina. Por isso, estudar sempre na mesma hora e local é o ideal. Fazer isso com os pequenos faz toda a diferença. Mas lembre-se: é preciso dar suporte sem tirar o protagonismo da do aluno no processo, para que não crie dependência.

Potencialidades

É preciso valorizar o que os pequenos têm de melhor e ajudar a lidar com a frustração por não ir tão bem em uma matéria em que tem dificuldade.

Incentive a leitura

Isso ajuda na interpretação de texto e na criação de vocabulário. Para começar, sugira livros de que gostem e dê o exemplo. Tenha o hábito e valorize os estudos além de obrigação.