“Eu sou mãe!
Já senti o desespero de não saber o que fazer perante um choro…
Senti o medo arrepiar os pêlos na minha pele, perante a temperatura marcada em um termômetro.
Fiquei noites e mais noites, exausta, com as pernas trêmulas, tirando forças da própria alma, andando pela casa, com uma criança embalada em um cobertor.
Chorei todas as minhas lágrimas, sentada na beirada da cama, em meio ao sofrimento de amamentar, ou em meio a culpa de não conseguir amamentar.
Amassei as batatas, passei o feijão na peneira, bati o espinafre, me preocupei extremamente com o tempero e fiz vários, milhares, “aviões” de colher…
Tudo para você cuspir depois… Tudo em vão…
Sinto medo do mundo, da violência, das guerras, das epidemias…
Do meu futuro.
Segurei sua mão, amparei teus passos, lhe ensinei a falar… soletrei o “ma-mãe” o “pa-pai”…
Corri descalça, joguei bola, deitei no chão, lhe entreguei os meus batons e as minhas relíquias, e vi você os quebrar…
Eu não quis te deixar, fiquei em casa, chorei por não poder voltar ao trabalho.
Ou tive que voltar e chorei por ter que te deixar…
O ensinei a pegar no lápis, a manusear a tesoura, a se defender a se levantar… Limpei teu nariz, cortei tuas unhas, penteei teus cabelos…
O aquecia no inverno, e no verão também.
Senti vontade de fugir, sair correndo, jogar tudo para o alto…
Chorei sozinha no banheiro, chorei sozinha no quarto, chorei enquanto preparava o jantar… Sem entender um motivo certo.
Perdi a paciência … Gritei… Dei um tapa…
Chorei de novo.
Larguei o meu resfriado para cuidar do seu, larguei a minha vaidade para me doar para ti,
troquei a minha novela pelo seu desenho, deixei a minha vida para viver a sua.
Te carreguei no colo, te carreguei nas costas, te carreguei nos ombros, te carreguei na alma… Te cravei no meu coração.
Um dia você irá partir, e mesmo que me rasgue a alma pensar… Você irá… não cabe a mim decidir como ou quando.. Tenho em minha consciência que dei o meu melhor, mesmo errando muito.
Tudo que fiz, e o que não fiz… Foi por você.
Independente de ser certo ou não.
Foi tudo pensando em você.
Porque você é a minha vida, a minha razão.
Eu fiz porque nenhum prazer é maior que a sua felicidade.
Eu fiz sem esperar algo em troca…
Sem esperar reconhecimento ou valorização.
Eu fiz porque eu te amo!
Eu fiz porque você é meu filho (a)…
Eu fiz porque eu sou mãe!”