Finalmente uma notícia boa a respeito de drogas: está diminuindo o número de jovens que adere ao uso de maconha e outros entorpecentes nos Estados Unidos. Pesquisa realizada por uma associação norte-americana acaba de indicar que, pelo terceiro ano consecutivo, ocorreu sensível aumento no índice de adolescentes na faixa entre treze e dezoito anos que considera antiquado o uso de narcóticos e que desaprova aqueles que os utilizam.
Segundo tal pesquisa, atualmente quarenta porcento dos jovens estão convencidos de que “as pessoas realmente boas não usam droga” contrastando com os trinta e cinco porcento que, no ano passado, pensavam assim. Em 1997 a cifra era ainda mais modesta. Apenas dez porcento, contra dezessete porcento no ano passado, responderam “sim” à pergunta: “Em sua escola, quem fuma maconha é popular?” Os mais jovens é que expressaram interesse menor pelas drogas: apenas oito porcento dos entrevistados com menos de quinze anos aprovam seus companheiros que fumam maconha ou consomem pastilhas com substâncias narcóticas.
Uma das causas apontadas pela queda de prestígio das drogas e pela mudança de conduta dos jovens norte-americanos é a visível formação de um novo e salutar ambiente. Seus ídolos atores e cantores, já não fazem propaganda da droga como há alguns anos. Pelo contrário, passaram a condená-la e a afastar-se daqueles que sabem ser praticantes do uso indevido de narcóticos. Na interpretação da entidade responsável pela pesquisa, esta influência tem sido fundamental para a redução do consumo e para o fato de as drogas virem “caindo de moda”.
Apesar das notícias otimistas, ainda não é hora de imaginar que o problema caminhe para a solução final. Pelo contrário, em outras partes do mundo – especialmente na Europa – é ainda muito alto e crescente o índice de adesão da juventude às drogas. Outro estudo recente demonstrou que, entre os europeus, o consumo de maconha está de tal forma banalizado que já não é considerado pela maioria como um desvio de conduta que necessite ser combatido.
O Brasil é outro país onde a situação se apresenta como altamente preocupante. De acordo com pesquisa realizada pelo IBOPE a pedido da Associação Parceria Contra as Drogas, o número de jovens dependentes de drogas está crescendo assustadoramente, independentemente de classe social ou nível de escolaridade. E isto se deve, segundo se conclui, pela facilidade de acesso às fontes de fornecimento. De 1998 para 1999, as facilidades de obtenção de drogas como a maconha e o Crack aumentaram de quarenta e dois para quarenta e nove porcento e de dezenove para vinte e seis porcento, respectivamente.
O número de crianças e adolescentes brasileiros que convivem com amigos que usam qualquer tipo de drogas ou que já experimentaram também cresceu. Já o número de jovens que dizem ter sido convidados para experimentar alguma substância psicotrópica saltou de vinte e cinco para trinta e um porcento de um ano para o outro.
O único dado positivo revelado por esta mesma pesquisa é o fato de se estar verificando que o estereótipo do consumidor de drogas ficou mais negativo para os entrevistados – coincidindo com a mesma percepção revelada pela sondagem realizada nos Estados Unidos. Embora não tenham sido aprofundados os estudos neste sentido as causas desta mudança (para pior) na imagem dos consumidores devem ser buscadas, também, na adesão de muitos ídolos brasileiros da juventude à luta contra as drogas e na multiplicação das campanhas educativas.
Os dados revelados por ambas as pesquisas nos dão uma certeza: é mais eficaz buscar a conscientização da juventude contra os males físicos, comportamentais e sociais da droga do que perseguir narcotraficantes. Sem “fregueses”, eles perdem a força propulsora de seus negócios bilionários, aos quais se misturam tantas outras atividades criminosas – aliás, como tem, para escândalo geral, sobejamente demonstrado a meritória CPI do Narcotráfico instalada pela Câmara Federal.
Neste sentido, pois, seria alentador se víssemos multiplicarem-se as campanhas educativas nas escolas e nos veículos de comunicação. Sem dúvida, assim como felizmente já está ocorrendo nos Estados Unidos, também no Brasil passaríamos a assistir a decadência da droga e de seus mentores.