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Consumo de cápsulas de vitaminas e minerais sem prescrição pode fazer mal (28/08/2013)

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Longevidade, reforço da imunidade, disposição extra e até uma mãozinha no emagrecimento. Com variadas promessas, cápsulas de vitaminas e minerais fazem a cabeça de quem busca um ideal de vida supersaudável, muitas vezes vendendo a ilusão de que nutrientes nunca são demais ao organismo.

A verdade, porém, é outra: a grande maioria das pessoas não precisa desse tipo de suplementação, e o excesso dessas substâncias pode trazer sérias consequências à saúde. “Existe uma pressão muito grande do mercado para a comercialização de vitaminas. Então, o consumo de cápsulas virou modismo”, critica o especialista em clínica médica e terapia intensiva Luís Fernando Correia.

Em geral, a alimentação balanceada é suficiente para oferecer ao organismo os nutrientes necessários. A falta de vitaminas e minerais se dá por conta de situações específicas, detectadas apenas por médicos ou nutricionistas, como dificuldade de absorção de certas substâncias e distúrbios alimentares.

“Vitaminas só devem ser tomadas com prescrição individualizada. Não é um pacote de jujubas que a pessoa pega quando quer ou só porque disseram que é bom”, completa Correia.

Risco de intoxicação

A nutricionista Natália Eudes, doutora em nutrição pela Universidade de São Paulo, concorda que há exagero no uso de suplementos sem orientação. Segundo ela, a carência de nutrientes só pode ser diagnosticada por meio de avaliações clínicas, quando o corpo do paciente dá sinais de alerta, ou de alguns exames laboratoriais.

De acordo com a especialista, quando cápsulas de vitaminas e minerais são consumidas sem necessidade, o excesso é eliminado pela urina ou pelas fezes. No entanto, há risco de sobrecarga dos rins e de intoxicação — principalmente no caso das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) —, quando as substâncias ficam retidas no corpo.

“A deficiência de vitamina K, por exemplo, é muito rara. Em oito anos, nunca prescrevi suplementação dela, que é obtida dos alimentos e produzida pela flora intestinal. Para pacientes com problemas circulatórios, como trombose, temos até que restringir a oferta desse nutriente na dieta, já que ele facilita a formação de coágulos”, esclarece Natália Eudes.

Além de vitaminas e minerais, óleos de plantas e extratos naturais também são vendidos como “cápsulas de saúde”. O consumo deles deve seguir os mesmos cuidados básicos, de respeito à indicação médica ou nutricional e ao tempo determinado para a suplementação.

“Óleos, como o de prímula, podem ser usados para controle de tensão pré-menstrual; para melhorar o rendimento no exercício, como o óleo de cártamo; e como anti-inflamatórios associados a outros tratamentos de saúde, a exemplo do óleo de peixe”, enumera a nutricionista.

Para obter vantagens das cápsulas, mais um fator importante a ser considerado é a interação delas com outros medicamentos. De acordo com Natália Eudes, no caso da ingestão de óleos naturais, é preciso verificar se há o uso simultâneo de remédios que bloqueiam gorduras e, portanto, anulam os benefícios do lipídio ao organismo.

Apesar dos riscos que envolvem o consumo abusivo de complexos vitamínicos sem orientação — algumas pesquisas mostram que tal hábito pode elevar a ocorrência de morte por câncer, pelo desequilíbrio do corpo —, o especialista em clínica médica e terapia intensiva Luís Fernando Correia não acredita que restringir a venda desses produtos seja a melhor solução para o problema.

“Tudo o que é proibido levanta ainda mais curiosidade. Precisamos é de mais informação para que as pessoas sejam capazes de fazer escolhas boas para a própria saúde”, defende Correia.

Fonte: Jornal Extra