A expressão “transtorno bipolar” entrou no vocabulário popular. Qualquer pessoa que está eufórica em um momento e triste em outro logo é taxado de bipolar. Mas não é bem assim que o distúrbio se apresenta. O psiquiatra e consultor de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Edmar Oliveira, explica que o transtorno é algo muito mais complexo do que a simples alteração de humor. O especialista ainda critica o estado em que a sociedade chegou, em que a felicidade parece ser uma obrigação.
Segundo o profissional, uma vulgarização do termo levou ao entendimento incorreto da expressão “transtorno bipolar”. “O distúrbio se caracteriza quando a pessoa apresenta momentos alternados de depressão e excitação. E esses comportamentos não mudam de um dia para o outro. Por isso, não é qualquer pessoa que é bipolar”, esclarece o psiquiatra.
Ele também explica que alguns bipolares, que antes eram chamados de maníaco-depressivos, só apresentam a fase de depressão e, outros, apenas de excitação. “Nem sempre há as duas fases”, aponta. Outro mito que deve ser combatido é o de que a euforia é caracterizada por muita alegria. “Na verdade é uma excitação maníaca, a pessoa fica inquieta, irritada, agoniada. Já na fase deprimida, tudo está ruim, como se nada desse certo”, descreve.
O psiquiatra explica que, quem apresenta os sintomas, deve ser tratado em duas vias. “Não é um distúrbio difícil de tratar. Há medicamentos eficientes que devem ser prescritos por profissionais, mas é essencial ter um tratamento paralelo, uma ajuda psicológica”, explica o médico.
Felicidade – O profissional faz um alerta relevante a respeito da sensação de felicidade alternada com o sofrimento. “A tristeza é um sentimento humano comum e nem toda tristeza é doença”. Ele lembra que, quanto mais motivo a pessoa tem para estar triste, menos precisa de medicamentos antidepressivos. Como a depressão se caracteriza pela tristeza sem motivo, deve ser tratada em casos específicos.
O psiquiatra também condena a “cultura da felicidade”, muito comum na nossa sociedade. “Hoje, todo mundo quer tomar antidepressivo pra ser feliz. Mas a humanidade, para ser humana, precisa de tristeza. Quem teve uma perda grave, uma morte na família ou outros fatores deve cumprir o luto, esperar aquela fase ruim passar. Não adianta tomar remédio para tratar o sintoma de algo que é natural”, finaliza.
Fonte: Maria Carolina Lopes / Agência Saúde