O sistema biológico do jovem “não está suficientemente maduro para proceder à degradação do álcool, pelo que o seu consumo lhe provoca danos cerebrais e défices neurocognitivos com implições
Sensibilizar os jovens para os efeitos nocivos do álcool e promover o debate sobre a legislação é o objetivo da “Campanha 100% ZERO”, a ser apresentada na quinta-feira no Conselho Nacional da Juventude (CNJ). Além de procurar chamar a atenção para os problemas que acarreta o consumo de bebidas alcoólicas por parte de menores o CNJ quer dar particular ênfase à idade mínima legal para o consumo de álcool, decorrente da lei de 2013, que proíbe a venda e o consumo de bebidas espirituosas a menores de 18 anos e de todas as bebidas alcoólicas a menores de 16.
Num comunicado, o CNJ salienta que na grande maioria dos países da Europa a idade mínima legal para o consumo de qualquer tipo de bebida alcoólica é os 18 anos, acrescentando que todos os estudos indicam que os adolescentes são mais sensíveis ao álcool do que os adultos. Em Portugal, “o início das primeiras experiências de consumo de álcool faz-se muito precocemente”, em média aos 12 anos, salienta o CNJ , que acrescenta: “O consumo de risco e nocivo de álcool continua a ser um dos principais determinantes da saúde e uma das principais causas de morte prematura e de doenças evitáveis, sendo responsável por 6,5% de todos os problemas de saúde e morte precoce na União Europeia”. Nos países do sul da Europa, como Portugal, mais de uma em cada 11 mortes para os homens e uma em cada 16 para as mulheres são devidas ao álcool. A “Campanha 100% ZERO” insere-se no projeto europeu Triangle, uma iniciativa piloto destinada a criar um espaço de partilha de boas práticas e de aprendizagem entre três países europeus, Portugal, Lituânia e Eslovénia. Na União Europeia tem decrescido o consumo médio de bebidas mas, diz o documento, “a proporção de crianças, adolescentes e jovens adultos “que evidenciam padrões de consumo de risco e nocivos tem aumentado nos últimos 10 anos em muitos dos Estados-membros”, incluindo-se a tendência crescente de “consumo esporádico excessivo”. “Os jovens encontram-se particularmente em risco, sendo o consumo nocivo de bebidas alcoólicas, em 2010 ao nível da UE, responsável por cerca de 14.5% da mortalidade masculina e de 2.61% da mortalidade feminina no grupo etário dos 15 aos 34 anos”, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O CNJ nota que o sistema biológico do jovem “não está suficientemente maduro para proceder à degradação do álcool, pelo que o seu consumo lhe provoca danos cerebrais e défices neurocognitivos com implicações para a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual”. Porque o cérebro continua a desenvolver-se durante a adolescência a exposição ao álcool “poderá interromper processos chave de desenvolvimento cerebral com implicações imediatas e futuras”, e comprometer “o desenvolvimento, tanto a nível biológico como a nível psicossocial “, acrescenta.
Fonte: Correio da Manhã