A adolescência, do ponto de vista da psicologia, segundo Miguel Moacyr Alves Lima (in CURY, 2002), é uma das etapas mais importantes do desenvolvimento humano. Ela é caracterizada por ser uma fase de vários conflitos devido às alterações físicas, mentais e sociais que impulsionam o surgimento de questionamentos e a busca de uma nova identidade. Por isso, a adolescência pode ser vista como um renascimento, já que o nascimento é o primeiro contato com a vida.
Freqüentemente, incorre-se em uma naturalização do processo de transição da infância à vida adulta e, ao mesmo tempo, reitera-se o caráter “imaturo” e “irresponsável” dos jovens (Stern & Garcia, 1999). A forma como é vivido este processo de evolução está intimamente ligada ao contexto social ao qual o mesmo está inserido; o meio exerce papel fundamental no desenvolvimento deste indivíduo.
A adolescência é uma fase evolutiva de grandes utopias que, no geral, tendem a tornar mais problemática a relação do adolescente com o ambiente social em que está inserido, entre tantas outras manifestações indesejáveis ou inesperadas porquanto sua pauta de valores e sua visão crítica da realidade, ora intuitiva ou reflexiva, destoando do já estabelecido.
A adolescência tem uma posição de destaque na teoria de E. Erikson. O autor considera este período como particularmente decisivo na formação da identidade; sendo esta etapa o momento em que o indivíduo desenvolve os pré-requisitos de crescimento fisiológico, maturidade mental e responsabilidade social e se prepara para experimentar e ultrapassar a crise da identidade. A crise da identidade versus confusão de papéis poderá levar o jovem ao não entendimento do papel que deverá desempenhar, isto é, ele poderá não saber como agir, porque não sabe exatamente quem é.
D.W. Winnicott, em um de seus livros “Adolescência – lutando contra a depressão” comenta sobre o interesse mundial que havia naquela época (década de 60) pela adolescência e seus problemas. É nessa época de profundas mudanças sociais e culturais no mundo que o jovem passa a ser efetivamente ouvido. Desde o movimento hippie à participação do jovem na política, são todos momentos marcados e impulsionados pelos jovens.
Crescem os estudos e produções literárias nos quais o jovem é visto de forma diferenciada. Winnicott (1980) afirma: “Pode-se supor com segurança que há uma ligação entre este desenvolvimento de nossa consciência social e as condições sociais especiais em que estamos vivendo” p.98. A família é o primeiro grupo de referência do adolescente. Seus valores, sua dinâmica terão influência no comportamento e pensamento desde a infância, sendo de grande importância para o destino deste adolescente, pois possibilita a construção das relações da criança com objetos externos.
Na adolescência, os grupos ocupam um papel socializante importante. Eles apresentam características sociais bastante específicas. O que acaba por motivar seu surgimento e participação que é o denominador comum de todos os grupos de adolescentes: a busca da identidade pessoal através da interação com outros.
Rosanna Talarico Mannarino
Psicóloga Clínica CRP 23434/05
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